Sedentarismo vs. Saúde

Matérias Por Conexão Médicos - 09/03/23

Fundamental para a saúde, prevenção da obesidade e de várias doenças, a prática de atividades físicas tornou-se ainda mais irregular e escassa durante a pandemia.

Com boas razões, a Organização da Saúde (OMS) criou uma data para destacar e conscientizar as pessoas sobre a importância da prática de atividades físicas. É o Dia Mundial de Combate ao Sedentarismo, celebrado em 10 de março. A ocasião ganha um significado ainda mais especial nestes tempos de pandemia, em que o isolamento social e uma série de restrições acabaram levando para o time de sedentários até quem já tinha as atividades físicas em sua rotina.

Nos primórdios da civilização, o homem vivia em constante exercício. Milhares de anos depois, temos um estilo de vida cada vez mais sedentário, com propensão à obesidade e a uma série de doenças. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019 e divulgada em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 60,3% da população adulta estava acima do peso. O percentual de obesos entre pessoas com 20 anos ou mais passou de 12,2% na pesquisa anterior (2002/2003) para 26,8%.

“O sedentarismo é um fator de risco crescente. Atualmente há uma epidemia perigosa por falta de exercícios”, afirma o cardiologista Dr. Enéas Rocco, coordenador do programa de Reabilitação Cardiopulmonar do Hospital Samaritano Paulista. “Nossa vida hoje é um verdadeiro ímã para o sedentarismo. Trabalho domiciliar, comodidades diversas e pouco tempo disponível são condições que trarão um alto custo para a saúde no futuro”, alerta o Dr. Antônio Baruzzi, cardiologista do Samaritano Paulista e coordenador de Residência Médica.

Estão associadas ao sedentarismo um extenso conjunto de condições, como obesidade, diabetes e hipertensão, entre outras, que favorecem principalmente as doenças coronarianas, cardiovasculares e cerebrovasculares (principais causas de óbitos no mundo) e as vasculares periféricas dos membros inferiores, além de aumentarem o risco para vários tipos de câncer e para a depressão. “A associação de fatores como o sedentarismo, os maus hábitos alimentares e o estresse psicológico promovem uma inflamação sistêmica que está associada à aterogênese”, afirma o Dr. Enéas.

A prática de atividade física também colabora com a saúde mental, fazendo com que o cérebro libere endorfina e outras substâncias que proporcionam sensação de bem-estar, ajudando na redução do estresse e ansiedade.

Um mal também entre as crianças

Seja pela atração das atividades online, a falta de segurança ou locais adequados para as brincadeiras das gerações passadas, as crianças estão na mesma perigosa trilha, com sua saúde em risco por sedentarismo e obesidade, que, segundo estimativas, pode afetar mais de 10 milhões de crianças em menos de uma década no Brasil.

Atualmente já há crianças com diabetes, hipertensão e colesterol elevado, com tendência a manterem esses problemas na fase adulta. “A falta de atividade física também causar prejuízos motores e gerar problemas nas articulações ao longo da vida, além de dificuldade de socialização”, observa o Dr. Enéas.

Esse quadro foi agravado com a pandemia, que fez com que adultos, jovens e crianças reduzissem drasticamente o nível de atividade física. “Criou-se uma armadilha da qual será difícil o regate. Muitos não voltarão às rotinas de exercício”, lamenta o Dr. Baruzzi.

Desafio da conscientização

Para reverter o cenário de sedentarismo, investir em conscientização e no estímulo a mudanças no estilo de vida é fundamental. Governos, empresas e organizações do setor de saúde, médicos e demais profissionais da área podem colaborar. Programas de atenção primária, como o da Amil, com atendimento de médicos de família, contribui para a promoção de uma cultura de prevenção em saúde.

O convencimento não é fácil, concordam os médicos, e passa pela informação dos males que o sedentarismo pode causar e dos benefícios do exercício. “É importante que as pessoas saibam que estudos comprovaram que a atividade física reduz a incidência de infarto, AVC, depressão e até câncer e mama”, diz o Dr. Enéas. “É um desafio estimular as pessoas a praticarem atividades. Não existe fórmula. Nós, médicos, temos de ser criativos e sugerir o que pode ser incluído na rotina de cada um”, completa o Dr. Baruzzi.

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