A assustadora escalada da obesidade

Matérias Por Conexão Médicos - 26/09/23

Conscientização, prevenção e tratamento são os caminhos para lidar com esse desafio global. Da obesidade em si às demais doenças que ela pode desencadear, todas as especialidades médicas estão direta ou indiretamente implicadas no problema.

Em 2022, o Brasil tinha 35% de pessoas com sobrepeso e 32% com obesidade, segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde. A mais recente edição do World Obesity Atlas, da World Obesity Federation, projeta que até 2035, a obesidade afetará 41% da nossa população adulta. A entidade aponta ainda o preocupante ritmo de aumento desse problema entre nossas crianças – 4,4 % ao ano –, índice maior que o previsto para adultos (2,8% ao ano). E, quase inexoravelmente, crianças obesas serão adultos obesos.

A obesidade pode estar relacionada a distúrbios endócrinos, genéticos e psicológicos. Mas são principalmente o sedentarismo e a alimentação inadequada, com produtos alimentares processados, ricos em açúcares e gorduras, os principais impulsionadores do excesso de peso e obesidade no mundo todo. É uma conta que não fecha: ingeriu mais calorias do que gasta, o organismo as acumula na forma de gorduras. A célula adiposa tem a capacidade de aumentar de volume em dez vezes com conteúdo de ácidos graxos e triglicérides, quando então novas células gordurosas vão se formar, deixando um ciclo vicioso interminável.

Conscientizar a população – como acontece com campanhas como a do Dia Nacional de Prevenção da Obesidade (11 de outubro) – é um dos caminhos importantes para estimular a adoção de hábitos saudáveis e a procura de cuidados médicos quando a balança indica que é preciso perder peso. É preciso chamar a atenção da população que, se enquadrada fora dos índices corporais normais, é importante a procura de tratamento.

Segundo o Dr. Nelson Vinicius Gonfinetti, endocrinologista credenciado da rede Amil há mais de 25 anos, essa também é uma missão de médicos de todas as especialidades, que podem atuar conscientizando e orientando seus pacientes a buscar um especialista. Ele lembra que a obesidade está associada a uma série de outras doenças. “O excesso de peso quase sempre é ou será acompanhado de problemas como colesterol e/ou triglicérides elevados, hipertensão, diabetes, osteoartrose e refluxo esofágico, entre outros”, afirma o Dr. Nelson.  Algumas dessas condições podem evoluir para ocorrências mais graves, como infarto e AVC. Além disso, obesidade está associada a alguns tipos de câncer.

A adesão a novos hábitos de vida – com dieta equilibrada e prática regular de atividade física – e eventualmente a administração de medicamentos constituem a base da estratégia para combater o excesso de peso. “Para os casos mais severos, pode ser indicada a cirurgia bariátrica”, diz o Dr. Nelson que, em seu consultório, acompanha por ano cerca de 500 pacientes que passaram por esse procedimento.

Segundo ele, médicos de todas as áreas podem contribuir na luta contra essa doença multifatorial, que exige intervenções multiprofissionais.  “Todas as especialidades estão implicadas de forma direta ou indireta com esse problema. Da mesma forma que um endocrinologista deve se preocupar quando um obeso tem um problema gástrico, cardíaco ou dermatológico que pode influenciar o tratamento que está propondo, os demais especialistas também precisam levar em consideração como o excesso de peso de seus pacientes influencia a doença que estão tratando”, explica. “Nesse horizonte, fica clara a importância do tratamento conjunto da obesidade, ainda mais quando se leva em consideração que ela é uma doença crônica”, finaliza o Dr. Nelson.

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