Envelhecimento da população faz crescer o número de pacientes com doença de Parkinson

Matérias Por Conexão Médicos - 03/04/24

Aumento da prevalência da enfermidade torna particularmente importante identificar logo o problemas e iniciar o tratamento precocemente. Quanto antes isso ocorrer, maiores são as chances de controle da doença.

Estudos constatam o crescimento global da prevalência da doença de Parkinson, mal degenerativo, crônico e progressivo que afeta severamente a qualidade de vida dos seus portadores. Segundo a Parkinson’s Fundation, atualmente há cerca de 10 milhões de pessoas com a doença em todo o mundo. No Brasil, a estimativa é de 200 mil pacientes, e esse número deve dobrar até 2040, impulsionado principalmente pelo gradativo aumento da expectativa de vida da população. Mas quanto antes ela for identificada e tratada, maiores são as chances de controle. Só neste mês de abril, temos duas datas dedicadas ao tema: o Dia Nacional do Parkinsoniano (04/04) e o Dia Internacional de Conscientização da Doença de Parkinson.

“Essa doença ocorre frequentemente a partir dos 60 anos. Apenas 2% têm o Parkinson jovem. Quanto mais seu tratamento for postergado, mais difícil será seu controle e a melhora do quadro clínico do paciente idoso. Todos precisam saber que, embora ainda seja incurável, a doença de Parkinson é tratável”, afirma a Dra. Ana Lúcia Mello de Carvalho, neurocirurgiã credenciada da rede Amil.

Atualmente, o arsenal medicamentoso disponível está direcionado a controlar os sintomas do Parkinson, decorrente da degeneração da substância negra do cérebro, responsável pela produção da dopamina, o neurotransmissor que viabiliza a estimulação elétrica entre os neurônios. Com o déficit de dopamina, começam aparecer os distúrbios neuromotores, caracterizados principalmente por tremores de repouso, lentificação e enrijecimento dos movimentos.

Junto com medicamentos, podem ser indicados tratamentos com fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo (este no caso do aparecimento de problemas de deglutição).

Para situações mais severas, quando os medicamentos se tornam ineficientes, podem ser prescritas duas intervenções cirúrgicas. Uma é a palidotomia, baseada na inserção de uma pequena sonda elétrica no globo pálido para eliminá-lo, visando o controle de sintomas. A outra é estimulação cerebral profunda, conhecida pela sigla DBS (do inglês Deep Brain Stimulation). Neste caso, eletrodos instalados em regiões profundas do cérebro emitem impulsos que ajudam na regulação elétrica. “Com a DBS o paciente para de tremer na hora, mas o procedimento só é indicado para pacientes muito selecionados e sob supervisão de rigoroso protocolo”, diz a Dra. Ana Lúcia.

Sintomas

Os tremores são os sinais mais frequentes da doença de Parkinson e geralmente os que primeiro aparecem. Podem surgir de um lado só do corpo ou de ambos, afetando particularmente suas extremidades. Eles ocorrem mesmo quando a pessoa está parada, sem fazer nenhum tipo de movimento. Somem na hora do sono e aumentam em momentos ansiosos.

Também pode vir junto a lentificação dos movimentos, que progressivamente prejudica a rotina do paciente. A pessoa demora mais para fazer atividades corriqueiras, como vestir-se e tomar banho. No exame físico, também pode ser observado o “sinal da roda denteada” na movimentação do pulso ou cabeça. Neste caso, observam-se movimentos rígidos e travados, fazendo lembrar o dispositivo usado em máquinas para a transmissão mecânica que emprestou seu nome para o sintoma. Outro sinal clássico é a diminuição progressiva da letra, que vai ficando cada vez menor. “Com a evolução da doença, o paciente começa a ter distúrbio do sono, a apresentar dificuldade de deglutição e de 50% a 80% terão demência”, informa a Dra. Ana Lúcia.

Segundo ela, é importante não subestimar os sintomas. “Algumas pessoas acham que os tremores são decorrentes de condições emocionais e a lentificação é percebida como uma característica natural do envelhecimento. Só que muitas vezes não se trata de nada disso”, adverte a Dra. Ana Lúcia. “Diante de qualquer suspeita, é importante que o paciente possa contar com um médico habilitado a diagnosticar a doença a partir de exames neurológicos e da avaliação do histórico do indivíduo”, ela enfatiza, lembrando que não existem recursos tecnológicos que permitam fechar o diagnóstico do Parkinson. “Você não faz uma ressonância ou um exame de sangue para constatar a doença. É preciso realizar um exames físico apurado e prestar muita atenção às queixas do paciente e dos seus familiares”, explica.

Na sua visão, médicos de áreas com pouca familiaridade com a doença mas que suspeitem de sintomas de seus pacientes devem sempre pensar na possibilidade de recorrer ao suporte de colegas especializados. “Hoje em medicina tudo é multidisciplinar. Cada vez mais precisamos conversar com outros médicos para atender melhor nossos pacientes”, diz a Dra. Ana Lúcia.

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