Avanços importantes no tratamento dos glioblastomas

Matérias Por Conexão Médicos - 03/04/24

Novos recursos tecnológicos vêm permitindo a realização de cirurgias com a máxima extração segura de um tumor, aumentando a sobrevida dos pacientes.

Segundo a literatura mundial, apenas 48% dos pacientes continuam vivos após dois anos do diagnóstico de glioblastoma, o câncer primário e maligno do sistema nervoso central mais comum. No entanto, esse cenário vem mudando com avanços terapêuticos que têm aumentado a sobrevida dos pacientes. “Embora ainda não possamos falar em cura, temos melhorias importantes no controle da doença”, afirma a Dra. Ana Lúcia Mello de Carvalho, neurocirurgiã vinculada à rede Amil.

Segundo ela, uma das principais frentes de avanço é a cirurgia, que hoje muda o prognóstico dos casos operados. Pesquisas já provaram que, quanto maior for o volume de tumor extraído na cirurgia, maior será a sobrevida, fazendo valer um novo “dogma” da neurocirurgia: é preciso fazer a máxima ressecção segura do tumor, isto é, sem causar déficits ao paciente. “O tumor pode deixar uma pessoa plégica, um neurocirurgião nunca”, diz a Dra. Ana Lúcia, destacando que a neurocirurgia conta hoje com um arsenal estratégico que contribui para conciliar eficácia e segurança dos procedimentos. “Temos cada vez mais recursos tecnológicos que fazem a diferença, como microscópios cirúrgicos que magnificam as imagens e neuronavegadores que funcionam como um sistema GPS, permitindo saber qual a posição do instrumento cirúrgico em relação a um mapa neurológico fornecido por imagens de ressonância magnética ou tomografia”, exemplifica.

De acordo com a médica, também maximizam a performance cirúrgica substâncias que podem ser injetadas no paciente para diferenciar as células normais das tumorais e equipamentos como os estimuladores corticais. “A presença de eletrofisiologistas na sala de operação assegura maior proteção para a preservação das funções dos pacientes”, observa.

São esses recursos que vêm permitindo operar com mais segurança e retirando a maior massa tumoral possível para depois, quando for o caso, complementar o tratamento com radio e/ou quimioterapia. Aliás, o campo medicamentoso também é beneficiado com o aperfeiçoamento dos quimioterápicos orais que estão ajudando no melhor controle da doença.

“Tenho hoje pacientes com 5 a 10 anos de sobrevida depois de uma lobectomia frontal”, informa a Dra. Ana Lúcia.

Outra novidade no enfrentamento dos tumores cerebrais diz respeito à forma de classificação patológica instituída em 2020. Ela envolve testes moleculares que identificam possíveis mutações genéticas das células tumorais. “Isso significa que o tumor tem nome e sobrenome, tornando os tratamentos mais efetivos, inclusive abrindo portas para as inovações terapêuticas que seguem em desenvolvimento direcionadas ao tratamento de tumores com mutações genéticas específicas”, destaca a Dra. Ana Lúcia.

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