Câncer na mulher: o papel central dos ginecologistas

Matérias Por Conexão Médicos - 08/03/23

Além da detecção precoce dos cânceres ginecológicos, esses médicos têm uma atuação importante na identificação de outros tipos de tumores, direcionando as pacientes para colegas de outras especialidades.

Ginecologistas atuam como uma espécie de sentinelas para a detecção precoce de cânceres pélvicos femininos – ovário, tubas, corpo e colo de útero, vagina e vulva – e de mama. Mas não só. Segundo o Dr. Pablo Novik, que é ginecologista, obstetra e cirurgião oncológico, esses profissionais também têm um papel decisivo na identificação de outros tipos de tumores. Por quê? Porque, no caso de muitas mulheres, são os médicos que as acompanham com mais regularidade ao longo de sua vida. “Qual é médico ao qual a mulher vai todo ano?”, pergunta o Dr. Pablo. Todos sabem a resposta.

Por isso, para além da avaliação de sinais e sintomas e exames de rastreamento que permitem identificar precocemente cânceres ginecológicos e de mama, é importante, na visão do Dr. Pablo, que os ginecologistas saibam quais são os exames necessários para a detecção precoce de outras doenças oncológicas e possam, mediante certos achados, encaminhar prontamente suas pacientes para serem tratadas por colegas especializados nessas doenças.

“Ginecologistas são os principais responsáveis por indicação de pacientes para outros especialistas”, enfatiza o Dr. Pablo. Nesse movimento, eles acabam direcionando para os consultórios de outros médicos mulheres que raramente iriam espontaneamente a certos especialistas, como um cirurgião de cabeça e pescoço ou um proctologista. “Se as pacientes não frequentam com regularidade outras especialidades, quem é que vai pedir exames como uma colonoscopia, que é capaz de detectar precocemente o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil?”, indaga.

De acordo com o Dr. Pablo, o diagnóstico precoce de enfermidades assume posição cada vez mais estratégica em diversas áreas da medicina. “Diagnóstico e tratamento precoces significam mais chances de cura, menos complicações clínicas, menos necessidade de exames e intervenções terapêuticas e menos gastos”, resume ele. Assim, esse caminho é bom para os pacientes e para todos os envolvidos no complexo sistema da saúde, que pode, desse modo, tornar-se mais racional e sustentável.

Atenção multiprofissional

No campo do tratamento, a medicina tem registrado avanços importantes nos enfrentamento dos vários tipos de câncer, entre eles os ginecológicos. “Além do aperfeiçoamento dos quimioterápicos e dos novos aparelhos de radioterapia que permitem emissões de doses mais concentradas de radiação com menos toxidade, estão sendo lançados imunoterápicos que atuam em sítios genéticos específicos e são capazes de controlar a doença a partir de novos mecanismos de ação”, diz o Dr. Pablo.

Segundo ele, esses avanços colocam em destaque outra dimensão: a importância de os tratamentos serem conduzidos em centros multiprofissionais, capazes de oferecer abordagens igualmente multiprofissionais. “Defendo frequentemente esta tese em congressos: o câncer ginecológico demanda tratamento multidisciplinar, protocolado e integrado. Além de ser o caminho mais certo para cura, é também o meio para praticarmos uma medicina com mais sustentabilidade e melhores resultados”, finaliza.

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