Cirurgia bariátrica e metabólica: o que faz a diferença

Matérias Por Conexão Médicos - 10/03/23

Técnica laparoscópica e atendimento transdisciplinar do pré ao pós-operatório garantem procedimentos cada vez mais seguros e efetivos para o enfrentamento da obesidade. Há avanços também nos equipamentos cirúrgicos.

Há cerca de duas décadas, quando era realizada pela via convencional aberta, a cirurgia bariátrica e metabólica era vista com ceticismo. Isso mudou completamente. “A incorporação da técnica laparoscópica e a abordagem transdisciplinar agregaram segurança e efetividade ao procedimento que se tornou um dos principais trunfos para o tratamento de obesidade”, afirma o Dr. José Afonso Sallet, cirurgião do aparelho digestivo de referência da Amil, fundador e proprietário do Instituto de Medicina Sallet e um dos expoentes da cirurgia bariátrica em nível internacional. O procedimento é indicado para pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 ou IMC acima de 35 quando existem doenças associadas.

Atualmente mais de 95% das cirurgias feitas em todo mundo são realizadas por meio de duas técnicas preferenciais:

  • Bypass Gástrico (gastroplastia com desvio intestinal em “Y de Roux”), técnica cirúrgica mista - gastrorrestritiva que induz a saciedade precoce, com derivação intestinal que diminui a absorção.

  • Gastrotectomia Vertical (Sleeve) que resseca cerca de 80% do estômago e não deriva o intestino.

Por meio dessas técnicas, até 90% dos pacientes têm uma redução do excesso de peso no primeiro ano. Entre 70% a 80% mantêm a redução de peso esperada por 10 anos ou mais. Para efeito de comparação, o tratamento clínico dá bons resultados em até 15% dos pacientes, dos quais 90% regridem ao peso anterior um ano após o tratamento.

Revolução transdisciplinar

Parte do sucesso da cirurgia bariátrica se deve à aplicação do Protocolo ERAS (Enhanced Recovery After Surgery), conjunto de medidas pré e perioperatórias que visam preparar o paciente para o procedimento, favorecer sua recuperação e diminuir tempo de internação e complicações pós-operatórias. O protocolo vem sendo aplicado há menos de uma década na cirurgia bariátrica.

“Baseado em atendimento transdisciplinar, o foco é compensar comorbidades como diabetes, hipertensão, hipotireoidismo e problemas vasculares e respiratórios associados ao excesso de peso”, diz o Dr. José Afonso. Assim, é importante que, junto com os cirurgiões do aparelho digestivo, atuem cardiologistas, endocrinologistas, pneumologistas, cirurgiões vasculares e ginecologistas, além de profissionais transdisciplinares, como fisioterapeutas, nutricionistas, educadores físicos e psicólogos.

“No Instituto de Medicina Sallet, nosso processo começa com ações para promover uma perda de 5% a 10% do peso antes da cirurgia, objetivo normalmente obtido com uma dieta orientada por especialistas em nutrição e apoio psicológico. Essa meta torna-se mais rigorosa em pacientes com IMC acima de 50”, conta o Dr. José Afonso.

“A cirurgia bariátrica é um procedimento eletivo. Precisamos colocar na mesa cirúrgica o paciente na melhor condição clínica possível”, destaca ele. Dos mais de 14 mil pacientes que já operou com o protocolo ERAS, 95% internaram no dia do procedimento e tiveram alta hospitalar em até 24 horas. Menos de 1% de seus pacientes precisam ir para Unidade de Terapia Intensiva. Esses resultados superam os de outros centros de excelência. “Não é que operamos melhor que todo mundo. Mas nossa equipe é obstinada em preparar muito bem o paciente para a cirurgia, o que torna este o nosso grande diferencial”, explica o Dr. José Afonso, lembrando que o tratamento da obesidade não termina com a cirurgia. Começa a partir dela.

“A mudança comportamental se inicia no pré-operatório e precisa se consolidar após o procedimento, por meio de protocolos de seguimento dos pacientes com consultas transdisciplinares mensais nos três primeiros meses, retorno de seis meses e um ano. Depois o acompanhamento se torna anual”, afirma ele. “A obesidade é uma doença crônica que implica uma série de outras doenças crônicas associadas. Portanto, não podemos baixar a guarda. O tratamento é para a vida toda”, finaliza o Dr. José Afonso,

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