Cirurgia é o procedimento definitivo para casos graves de escoliose

Matérias Por Conexão Médicos - 08/03/23

Opção é indicada para pacientes que não se beneficiaram com o tratamento conservador baseado em fisioterapia ou uso de órteses e coletes corretivos.

A cirurgia é hoje uma opção segura e resolutiva para tratar os casos mais severos de escoliose, problema que afeta de 2% a 3% da população brasileira. O procedimento dura cerca de três horas e, no dia seguinte, o paciente já pode ser colocado em pé para voltar a caminhar.

Quase sempre silenciosa, a escoliose é muitas vezes uma deformidade progressiva, que afeta particularmente as pessoas na fase de crescimento, principalmente mulheres. Nelas, a enfermidade piora quatro vezes mais em comparação com os homens, necessitando de intervenções mais radicais. “Quando mais cedo a escoliose se instala, maiores são as deformidades na fase adulta, o que torna o tratamento cirúrgico imprescindível para os casos mais graves”, afirma o Dr. Paulo Ramos, ortopedista da rede credenciada da rede Amil, especialista em cirurgia da coluna vertebral.

Nos adolescentes, as escolioses idiopáticas são maioria, embora atualmente já se saiba que algumas alterações genéticas predispõem ao problema. A medicina também tem expandido seu conhecimento sobre outros fatores associados à doença, como alterações de neurotransmissores cerebrais que levam ao desequilíbrio muscular e à deformidade óssea.

“Nos adolescentes acima dos 13 anos, quando a maior parte do crescimento já ocorreu, a cirurgia só é indicada depois que o tratamento conservador, baseado em órteses e coletes, falhou”, informa o Dr. Paulo Ramos. Nesses casos, o procedimento é essencial para garantir o crescimento dos adolescentes e evitar complicações, como limitações físicas, dor, insuficiência respiratória e doenças pulmonares (cor pulmonale). “Após a cirurgia, pode-se verificar um aumento de altura até 6 centímetros nos pacientes”, ele acrescenta.

A indicação mais frequente para esses casos é a artrodese vertebral posterior, procedimento definitivo que funde duas ou mais vértebras a fim de corrigir deformidades. A escoliose tem três curvas (parte inferior da cervical, superior da coluna torácica e coluna torácica) e, na maioria das vezes, a artrodese é feita na coluna torácica direita. Identificada como a curva principal da deformidade vertebral, esse segmento tem pouca mobilidade, o que garante que o procedimento impacte o menos possível a qualidade de vida do indivíduo.

Verifica-se também que algumas pessoas mais velhas estão aderindo só agora à cirurgia de escoliose. Uma parte desse público evitou a cirurgia até o fim dos anos 1990, temendo os riscos de paraplegia. Com a evolução da técnica de neuromonitorização cirúrgica utilizada no Brasil a partir dos anos 2000, foi possível oferecer aos pacientes maior controle dos impactos da cirurgia na medula e nos nervos, aumentando muito a segurança neurológica da artrodese vertebral.

Segundo o Dr. Paulo Ramos, a grande maioria dos pacientes com escoliose não precisa ser operada. Pode apenas ser acompanhada pelo ortopedista para monitorar a evolução da doença e avaliar a eficácia das estratégias terapêuticas à base de fortalecimento muscular, fisioterapia e RPG. Também é recomendada muita atividade física supervisionada.

Quando necessário, antes dos estirões de crescimento, momento em que ocorre a piora da escoliose, o tratamento é conduzido com uso de gesso e coletos corretivos, trocados frequentemente para tentar controlar a curva da escoliose. “Também podem ser empregadas ferramentas cirúrgicas, como hastes de crescimento, como temos feito muito nos hospitais da rede Amil”, detalha o especialista.

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