Obesidade infantil- como lidar com essa epidemia

Matérias Por Conexão Médicos - 25/05/23

O desafio é global. Fruto principalmente do estilo de vida moderno, com dieta baseada em alimentos ultraprocessados e pouco atividade física, essa doença crônica afeta um número crescente de crianças e adolescentes. Até problemas incomuns para essa faixa etária, como dislipidemia e diabetes tipo 2, vêm sendo observados.

Celebrado em 3 de junho, o Dia da Conscientização Contra a Obesidade Infantil foi criado para chamar a atenção para essa doença que já é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma epidemia mundial. A entidade estima que até 2025 o número de crianças obesas no planeta deve chegar à casa dos 75 milhões. No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada três crianças com idades entre 5 e 9 anos está acima do peso. Os registros do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional de 2019 revelam que 16,33% das crianças entre 5 e 10 anos estão com sobrepeso; 9,38% com obesidade; e 5,22% com obesidade grave. No caso dos adolescentes, 18% estão com sobrepeso; 9,53% são obesos; e 3,98% têm obesidade grave.

Estamos criando futuros adultos obesos. Precisamos conscientizar pais e cuidadores sobre esse problema. Embora existam casos associados a fatores genéticos, a obesidade vem crescendo em grande escala no mundo todo em razão dos maus hábitos alimentares e da falta de atividade física”, afirma a Dra. Verônica Trancho Meira, especialista em endocrinologia pediátrica credenciada da rede Amil.

Segundo ela, um dos desafios é não apenas a mudança de hábitos e estilo de vida das crianças e adolescentes, mas também de famílias inteiras, que cada vez mais trocam alimentos in natura e saudáveis por itens industrializados ultraprocessados e tornam-se sedentárias. “Se não houver intervenções, os pequenos estarão cada vez mais expostos ao risco da obesidade infantil”, diz a Dra. Verônica. “Hoje, não é incomum encontrar crianças pequenas já apresentando quadros de dislipidemia e resistência insulínica. Até casos de pressão alta podem ser identificados entre crianças, assim como o desenvolvimento de diabetes tipo 2 na adolescência, uma doença que antes aparecia mais na fase adulta”, completa ela.

A base do tratamento é a mudança de rotina. De um lado, visa reforçar as atividades físicas, que podem ser, inclusive, jogos e brincadeiras que colocam os corpos dos pequenos em movimento. “A criança pode ser levada para brincar correndo no parque uma hora por dia. Já os adolescentes podem pelo menos caminhar uma hora, três vezes por semana”, exemplifica a Dra. Verônica.

De outro lado, é imprescindível mudar a dieta  da família, colocando no cardápio da casa mais frutas, legumes e verduras, transformando alimentação saudável em um hábito de todos. “É importante frisar que muitas crianças obesas são filhas de pais obesos”, observa a médica.

No caso dos adolescentes, pais e cuidadores devem prestar atenção também à saúde emocional. “É cada vez mais frequente a correlação entre quadros de obesidade conjugados com depressão e/ou ansiedade, particularmente entre jovens em fase pré-vestibular”, lembra a Dra. Verônica.

Outro elemento fundamental para o sucesso do tratamento é conscientização de que as mudanças de hábitos baseadas em reeducação alimentar e atividade física precisam ser para a vida toda. “Ainda tem muita gente que acha que as medidas adotadas bastam por um período curto de tempo. Mas quando os hábitos saudáveis são abandonados, os quadros de obesidade retornam”, afirma a Dra. Verônica. “O combate à obesidade precisa ser uma tarefa constante.”

 

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