Pandemia eleva casos de disfunção da articulação temporomandibular

Matérias Por Conexão Médicos - 08/03/23

Estresse é um dos fatores que causa o problema que afeta 70% da população brasileira. Além do tratamento clínico para casos mais leves, artroscopia minimamente invasiva se afirma como novidade resolutiva para os quadros mais graves.

 

Disfunções da articulação temporomandibular (ATM) podem ser causadas por acidentes, infecções, tumores, doenças inflamatórias e, principalmente, pelo deslocamento do disco articular, muitas vezes provocado pelo estresse do dia a dia. Com a pandemia e seus impactos emocionais, aumentou consideravelmente o número de pacientes com esse tipo de problema.

“Nos consultórios, é cada vez mais alta a incidência de pacientes com queixas relacionadas a disfunções da ATM por conta de tensões na musculatura que provocam sobrecarga na musculatura da face, desencadeando o processo degenerativo da articulação e a alteração do posicionamento do disco articular”, afirma o Dr. Daniel Falbo, cirurgião bucomaxilofacial que integra a rede de especialistas dos planos médicos da Amil.

Segundo ele, antes da pandemia, a disfunção de ATM ocorria principalmente em indivíduos na segunda e terceira décadas de vida que viviam sob pressão do trabalho e estudo, manifestando sintomas como o bruxismo. Depois da crise sanitária, houve uma ocorrência generalizada, afetando pessoas de todas as idades. Dados de 2020 já indicavam que 70% da população brasileira apresentava algum sinal ou sintoma de disfunção da ATM.

Problemas do gênero causam muita dor, inclusive dores crônicas na face ou no ouvido, às vezes provocam ruídos na articulação e até limitações do movimento de abrir e fechar a boca. Casos negligenciados podem evoluir para um quadro mais raro, a anquilose da ATM, quando ocorre a formação de tecidos que fundem a mandíbula com a base do crânio.

Enfrentando o problema

Uma vez diagnosticada a doença, é preciso fazer seu estadiamento para definir a melhor estratégia de tratamento. “Os casos iniciais podem ser tratados clinicamente, envolvendo sessões de fisioterapia e reorientação comportamental para controle do estresse. Práticas relaxantes e esportivas são sempre recomendáveis. Em algumas situações, é indicado o uso do dispositivo interoclusal relaxante, popularmente conhecido como placa de mordida, que ajuda a proteger os dentes e a articulação e induzir o relaxamento muscular”, explica o Dr. Daniel.

Quando há deslocamento do disco articular e lesões na cartilagem que reveste e protege a articulação, o tratamento precisa ser cirúrgico, indicado para 5% dos pacientes. Nesse caso, pode ser por meio de artroscopia minimamente invasiva, feita através de duas pequenas punções na região da articulação. Segundo o Dr. Daniel, essa técnica é o que existe de mais moderno para o tratamento da maior parte das disfunções de ATM. É mais segura e agiliza a recuperação do paciente. O procedimento demora de 40 a 60 minutos e é realizado em regime de day clinic.

“Já nos quadros mais graves, quando grandes deslocamentos provocam limitação no movimento da boca, é necessária a artroplastia convencional, ou seja, uma cirurgia aberta para o reposicionamento do disco na cabeça da mandíbula”, informa o Dr. Daniel, lembrando que a articulação tem capacidade de se regenerar e se remodelar. No caso da anquilose da ATM, é feita uma cirurgia ainda mais radical para a remoção dos tecidos anquilóticos e reconstrução da articulação por meio do uso de próteses.

Seja lá qual for o nível de gravidade, existem formas de tratar as disfunções de ATM. Por isso, no caso de dores permanentes e insistentes na articulação da mandíbula ou região, a melhor indicação para os pacientes é buscar a avaliação de um especialista em Cirurgia Bucomaxilofacial.

Posts relacionados

Ver mais
.