Pequenos tumores renais: operar ou não?

Matérias Por Conexão Médicos - 09/03/23

Segundo o Dr. Tanure, a cirurgia é o tratamento mais efetivo, e a tecnologia robótica se consolida como o método mais seguro e eficiente.

Com o avanço das tecnologias de imagem (ultrassom, ressonância e tomografia), vem crescendo a identificação de pequenas massas tumorais renais, a grande maioria com menos de quatro centímetros. O fato impõe para os médicos uma questão-chave: operar ou não essas lesões, cujo volume de diagnósticos tem aumentado em torno de 2% a 3% a cada ano?

Para o Dr. Luis Henrique Rodrigues Tanure, urologista e cirurgião da rede credenciada Amil, a resposta é sim, e a cirurgia robótica é o caminho ideal. “Hoje não existe tumor renal que não seja acessível ao robô”, afirma ele, lembrando que o Dr. Vipul Patel, pioneiro e difusor dessa tecnologia, já havia dito que as operações renais se tornariam um dos campos mais promissores para a robótica.

Em determinadas situações é possível usar o robô também em casos de grandes massas (de até oito centímetros). “A cirurgia robótica está salvando um número crescente de órgãos graças à sua capacidade de preservar tecidos. Uma margem de segurança de dois a três milímetros é o suficiente para garantir a eliminação de tumores. É feita uma enucleação do tumor, e o rim permanece funcionando o tempo todo”, explica.

Antes da robótica, para que intervenções videolaparoscópicas fossem feitas, os tumores renais eram classificados em níveis de acessibilidade (dos mais fáceis aos mais difíceis de serem operados) e, a partir daí, era realizada uma heminefrectomia ou nefrectomia total. “Com o robô, isso não é mais preciso”, resume o Dr. Tanure.

A solução cirúrgica

As cirurgias das pequenas massas tumorais, particularmente as robóticas, representam uma solução para os limites das outras formas de tratamento desse câncer.

No caso das ablações (crio ou radioablação), não se pode confirmar se houve a eliminação total dos tumores e, para fazer o diagnóstico do tipo de tumor, é preciso realizar biópsias por agulha fina, das quais 14% não entregam diagnósticos definitivos e 5% informam falsos positivos. Com as cirurgias, a resposta é inequívoca. “Ao extrairmos essas pequenas massas tumorais cirurgicamente temos certeza de qual tipo de tumor estamos tirando e sabemos com precisão qual é a margem cirúrgica que nos dá mais segurança”, explica o Dr. Tanure.

Os procedimentos cirúrgicos também agregam diferenciais em relação à vigilância ativa, estratégia geralmente direcionada a pacientes mais idosos e/ou com comorbidades. “Quando operamos, descobrimos, por meio de análises anatomopatológicas, que 20% dos pacientes tinham mesmo lesões benignas, que poderiam de fato ser acompanhadas por meio da vigilância ativa. A questão é que os outros 80% são malignos”, pontua o Dr. Tanure, citando mais um dado importante: 95% dos pacientes operados estarão vivos depois cinco anos da cirurgia.

Um estudo multicêntrico de 2016 liderado por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins e financiado pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI) também ratificou o tratamento cirúrgico das pequenas massas tumorais do rim como a opção ideal.

O estudo confirmou, por exemplo, a importância das cirurgias para a exata identificação dos tumores que estão sendo tratados. “Sabemos que 65% dos óbitos relacionados a cânceres renais estão associados a tumores de células claras, e a única maneira de identificá-los é extraindo as massas tumorais e submetendo-as à análise anatomopatológica”, afirma o Dr. Tanure.

A pesquisa também revelou que, cinco anos após o procedimento, a sobrevida era de 95% dos pacientes operados com tumores até o estágio T2a e 85% naqueles com tumores no estágio T3. “O que esses números querem dizer? Significam que a cirurgia é bastante segura, e a sobrevida dos pacientes, mesmo em tumores mais avançados, é importante”, resume o médico.

Segundo o estudo, os pacientes operados também obtiveram melhor nível de qualidade de vida na comparação com aqueles que ficaram sob vigilância ativa. “Observou-se a diminuição do nível de ansiedade e depressão da população operada”, conta o Dr. Tanure.

No caso da ablação, apesar de o tumor ser queimado ou congelado, seus resíduos permanecem dentro do rim, e os pacientes temem que o câncer volte a crescer. “Outra grande questão da ablação é que ela implica a geração de angiomiolipoma, um fator que desencadeia ansiedade em alguns pacientes”, ele detalha. Mesmo sabendo que são tumores benignos, cirurgias são realizadas para aplacar o desconforto desses pacientes.

“Seja qual for a técnica cirúrgica – aberta, laparoscópica ou robótica –, se o paciente tiver condições clínicas de ser operado e se o cirurgião for capaz de realizar os procedimentos preservando ao máximo a integridade dos rins, pequenas massas tumorais renais devem ser sempre extraídas”, defende o Dr. Tanure. Segundo ele, o procedimento ainda livra os pacientes de um perigo potencial: pequenos tumores, que muitas vezes são considerados passíveis de vigilância ativa, podem desencadear metástases, levando os pacientes a óbito, não por conta desses pequenos tumores nos rins, mas por consequências das metástases. “A melhor forma para se tratar esses tumores é tirá-los cirurgicamente e acabou o assunto”, finaliza.

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