Terapia de crescimento ganha nova formulação de hormônio injetável

Matérias Por Conexão Médicos - 25/05/23

Até então só disponível para aplicação diária, em breve chega ao Brasil medicamento que pode ser administrado semanalmente. Trata-se de um trunfo para melhorar a adesão das crianças e adolescentes ao tratamento.

Pacientes pediátricos em tratamento de deficiência do crescimento serão beneficiados com o lançamento no Brasil de uma nova versão do hormônio do crescimento sintético, a somapacitana, aplicado semanalmente por meio de injeções subcutâneas. O novo produto deverá estar disponível no mercado brasileiro a partir de outubro. Até hoje, só existem disponíveis no país formulações de hormônio (somatropina) que demandam injeções diárias noturnas, fator que, em longo prazo, prejudica a adesão ao tratamento. Permanecerão em uso as seringas com agulhas similares às usadas na aplicação de insulina ou as canetas aplicadoras.

Observamos que, com o passar do tempo, os pais vão deixando de aplicar as injeções diárias nos filhos, muitas vezes penalizados pelos choros e pedidos das crianças e adolescentes que não se acostumam com as injeções diárias. Essa nova opção ajudará minimizar esse problema”, afirma a Dra. Verônica Trancho Meira, endocrinologista pediátrica da rede Amil. Na prática, essa inovação reduz o número de injeções em mais de 300 aplicações por ano.

Já disponível em países como os Estados Unidos, a nova versão do hormônio do crescimento é direcionada para todas as crianças e adolescentes de baixa estatura afetadas pela deficiência do hormônio, mas que têm idade óssea que ainda permite o desenvolvimento físico, informação balizada por exame de raio X de idade óssea.

Segundo estudos científicos, 1 a cada 10 mil crianças e adolescentes tem algum grau de deficiência do hormômio do crescimento, um problema derivado em grande parte por alterações genéticas, além de lesões na glândula hipófise, responsável pela produção desse hormônio. “É importante saber que pais de baixa estatura não necessariamente terão filhos baixos. Muitas vezes, os pais ficaram baixos por deficiências de crescimento não investigadas, mas agora seus filhos podem ser diagnosticados e tratados”, explica a Dra. Verônica.

A deficiência é diagnosticada a partir do teste de estímulo do crescimento, que funciona de modo semelhante ao teste de curva glicêmica. Aplica-se em dois testes substâncias (clonidina, insulina ou glucagon em cada um deles) que estimulam o organismo a produzir o hormônio do crescimento e são feitas dosagens seriadas para verificar se o estímulo químico proporcionou a geração adequada de hormônio.

Assim como ocorre atualmente, a dose de aplicação da nova versão do hormônio varia em função do peso do paciente. Nas meninas, as aplicações ocorrem até idade óssea de 13 para 14 anos. Nos meninos, idade óssea de 15 a 16 anos. “Quando uma criança obtém boa resposta do tratamento, ela cresce no primeiro ano de 10 a 12 centímetros, desfecho que exige a rigorosa aplicação do medimento conforme a prescrição médica”, ressalta a Dra. Verônica. Todavia, ela lembra que em muitas ocasiões a terapia hormonal pode não apresentar bons resultados devido a falhas no sistema hormonal dos pacientes, como os defeitos na proteína IGF-1.

Ainda não se sabe o preço do novo produto, mas, por se tratar de inovação, é esperado que chegue com custos iniciais mais elevados, tornando-se mais acessível ao longo do tempo.


 

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