Tratamento de traumas complexos da face

Matérias Por Conexão Médicos - 09/03/23

Alvo das intervenções dos cirurgiões craniomaxilofaciais, questões desse gênero demandam o envolvimento de outras especialidades médicas e equipe multiprofissional. Integração do atendimento se reflete positivamente no cuidado do paciente.

A abordagem multidisciplinar é fundamental no tratamento dos traumas complexos da face. Foco de atenção da cirurgia craniomaxilofacial, uma subespecialidade da cirurgia plástica, otorrinolaringologia ou cirurgia de cabeça e pescoço desenvolvida particularmente após a II Guerra Mundial, o atendimento desses casos exige o envolvimento de outras especialidades médicas, como neurocirurgia e oftalmologia.

"Nas grandes metrópoles brasileiras, a cirurgia craniomaxilofacial é especialmente demandada em razão dos altos índices de traumas violentos na face, particularmente aqueles associados com queimaduras e acidentes automobilísticos e com armas de fogo que causam deformidades consideráveis", afirma o Dr. André Braune, cirurgião plástico especializado em cirurgia craniomaxilofacial. Além dos impactos estéticos, os procedimentos buscam tratar as estruturas afetadas nessa parte do corpo, particularmente os órgãos sensitivos, visando recuperar funcionalidades, como fala, respiração, visão, audição e deglutição. "Ou seja, neste tipo de cirurgia o conceito de reabilitação é fundamental", destaca o Dr. André.

Os cirurgiões craniomaxilofaciais geralmente lideram a equipe multidisciplinar, que será formada de acordo com as necessidades de cada caso. "A face e a cabeça como um todo são muito complexas. Várias especialidades médicas podem ser envolvidas em tratamentos que ocorrem em várias etapas, às vezes ao longo de anos, além de profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. A eficiente integração desse atendimento multidisciplinar é fundamental no cuidado dos pacientes", observa o Dr. André.

Atendimento passo a passo

Os traumas da face, mesmo os complexos, dificilmente matam uma pessoa, mas as situações em que eles ocorrem geralmente provocam outros problemas que colocam a vida em risco e precisam ser identificados e sanados antes de qualquer intervenção facial.

O primeiro atendimento do paciente, que deve ocorrer preferencialmente em centros especializados em trauma, estará sempre focado nas prioridades estabelecidas pelo Advanced Life Support. “Nesse momento crítico, pouco importa um grande machucado no rosto ou um olho afetado. O que mata uma pessoa é a falta de circulação e respiração, trauma cranioencefálico, de coluna, torácico ou abdominal”, ressalta o Dr. André.

Uma vez solucionadas as demandas urgentes, o tratamento dos traumas complexos da face é iniciado de forma sequencial. Na primeira etapa, quase nada é feito na parte óssea, sendo dada ênfase ao cuidado das escoriações, com suturas e limpezas. Na sequência, alguns dias depois das intervenções de emergência, o tratamento vai sendo escalonado em função da complexidade de cada caso, e as cirurgias vão sendo programadas para sanar disfunções e fazer correções estéticas.

Cirurgias dos traumas complexos da face geralmente são muito longas, com muitos detalhes, e precisam ser feitas antes da consolidação das fraturas ósseas, idealmente cinco ou sete dias após o acidente. Depois da primeira cirurgia, novas intervenções muitas vezes são necessárias para revisão de cicatrizes, reposição de dentes e outros procedimentos corretivos. “Não precisa ter pressa para fazer tudo no primeiro atendimento. O que precisamos é ter excelentes condições, a partir dos melhores materiais e dos melhores hospitais”, afirma o Dr. André.

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