Uma aliança médica contra o câncer de mama

Matérias Por Conexão Médicos - 08/03/23

Profissionais de várias especialidades podem contribuir para a detecção precoce desses tumores. Solicitação de exames e direcionamento para um mastologista ajudam a acelerar e melhorar o tratamento.

 

Médicos e médicas de todas as especialidades podem e devem fazer parte da luta contra o câncer de mama, o tumor maligno mais comum entre as mulheres (com exceção do câncer de pele não melanoma) e também o mais letal. Somente este ano, serão 66.280 novos casos e 17.825 óbitos, segundo projeções do Instituto Nacional de Câncer (INCA). “Independentemente da especialidade, todos os médicos que atendem uma mulher com queixas relacionadas à mama devem sempre cogitar a possibilidade de um câncer”, defende a Dra. Luciana Boechat, mastologista da rede credenciada Amil. Segundo ela, é comum mulheres com câncer de mama chegarem ao seu consultório depois de perderem muito tempo sem a orientação para buscar um diagnóstico efetivo ou atendimento de um especialista.

Ocorrem diversos tipos de situações, como mulheres que sentem desconforto no peito durante a amamentação serem tratadas apenas como pacientes com mastite. Trata-se de uma doença que é de fato comum no período pós-parto. Contudo, como as mulheres estão deixando para engravidar cada vez mais tarde, também vem aumentando o número daquelas que descobrem o câncer justamente nessa fase da vida. “Constatou uma mastite, ministrou antibiótico e não melhorou, é preciso orientar a paciente para procurar um especialista”, alerta a Dra. Luciana.

“Também não é incomum que a doença de Paget, um tipo de câncer de mama caracterizado por descamação, prurido e vermelhidão do bico do seio, seja tratada por muito tempo com aplicação de cremes por ser confundida com uma dermatite”, detalha.

Alguns médicos de outras áreas já têm contribuído para identificar lesões suspeitas, como os endocrinologistas, que estão pedindo a realização de mamografia antes de iniciar a reposição hormonal; e cirurgiões plásticos, que têm solicitado mamografia ou ultrassom antes de realizar qualquer procedimento na mama.

Segundo a Dra. Luciana, é importante evitar que mulheres com alterações na mama percam tempo até chegar a quem realmente pode ajudá-las. Essa demora pode significar a identificação de tumores em estágios muito avançados, o que diminui as chances de cura, além de envolver procedimentos mais caros e complexos.

Atenção à saúde das mulheres

Os médicos em geral devem prestar atenção a todas as queixas relacionadas às mamas e nunca negligenciar sinais como presença de nódulos, aumento dos linfonodos na região das axilas, inflamações, machucados e abcessos, líquido saindo pelo mamilo e alterações de tamanho, cor, textura, como o espessamento que faz parecer uma casca de laranja.

“Cerca de 15% dos tumores de mama são do tipo carcinoma lobular infiltrante, que dá alterações no exame físico, mas muitas vezes não dá alterações significativas nos métodos de imagem”, ressalta a Dra. Luciana.

Já as dores na mama geralmente estão relacionadas a causas benignas, mas, em muitas situações, elas acabam beneficiando as mulheres. “Essas dores acabam levando as pacientes aos consultórios, possibilitando que sejam realizados os exames preconizados para o perfil da faixa etária: acima de 40 anos, é recomendável que as mulheres façam mamografia anual; abaixo de 40, ultrassom”, explica a Dra. Luciana. Orienta-se também que mulheres que tomaram a vacina contra o vírus da Covid-19 aguardem pelo menos 60 dias após a vacinação para realizar a mamografia. Está sendo comum a detecção de linfonodos aumentados em decorrência do processo de imunização.

“Não custa nada que o médico de qualquer especialidade, ao atender uma mulher, inclua no seu checklist perguntar se seus exames de rastreamento do câncer estão em dia”, pontua a Dra. Luciana. Além disso, eles podem ajudar a difundir informações de prevenção, como a importância da manutenção do peso a partir de uma dieta balanceada, não fumar, evitar o fumo passivo e o consumo de bebidas alcoólicas, amamentar pelo máximo de tempo possível e praticar atividade física regularmente. Atividade física três vezes por semana, por pelo menos 40 minutos, de intensidade moderada a intensa, reduz a mortalidade do câncer de mama em 50%.

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