Muito prazer, Dr. André Braune

Perfil Por Conexão Médicos - 08/03/23

Médico credenciado da rede Amil e coordenador do Centro de Cirurgia Craniomaxilofacial do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, o Dr. André é um cirurgião plástico especializado em cirurgia craniomaxilofacial. Como a área ainda conta com poucos profissionais no Brasil, a grande demanda de atendimentos faz parte de sua rotina. Ainda assim, não abre mão das atividades esportivas e exercícios de equilíbrio entre corpo e mente, pois, segundo ele, "quem cuida dos outros precisa aprender a cuidar de si próprio". Confira a entrevista.

Em que ano se formou?

Em 1996, na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Onde nasceu?

Na cidade do Rio de Janeiro.

Por que se tornou médico?

Nunca quis ser outra coisa. Na minha família, o único médico foi meu avô, que nem cheguei a conhecer. Mas desde criança eu tinha vontade de ajudar as pessoas. Se alguém se machucava, queria fazer curativo. Era algo relacionado à vocação mesmo.

Como enxerga o mercado e a profissão atualmente?

Ouvir a medicina ser chamada de mercado me traz certo descontentamento. Mas isso se tornou um fato. As coisas caminharam para esse lado, ao ponto de vermos hoje pessoas que escolhem a profissão calculando quanto vão ganhar. No entanto, vemos que para os melhores médicos isso está em segundo plano. O que deve mover um médico é a vontade de ajudar os outros e o prazer de exercer a medicina. Não podemos perder de vista o valor humano e manter sempre nosso foco principal: o paciente.

Qual seu desafio diário?

Ter tempo para fazer tudo. Trabalho em uma área muito específica, a cirurgia craniomaxilofacial, que ainda tem poucos especialistas no país. Isso resulta em um excesso de procura.

Pode contar uma curiosidade sobre você que poucos conhecem?

Prezo muito por ter boa saúde. Procuro manter na rotina a prática de esportes, particularmente algo direcionado a lutas. Faço jiu-jítsu há muito tempo e também gosto de atividades que trabalham corpo e mente, como yoga. Atualmente tenho feito bioginástica, método criado por Orlando Cani, que mistura yoga, kempô e meditação. Seria algo como uma meditação em movimento. Trabalha força e equilíbrio, ajuda muito na prática do jiu-jítsu. Estou passando dos 50 anos e tem uma série de questões articulares e musculares a serem trabalhadas. O próprio Orlando veio do decatlo e usava essa técnica para melhorar sua performance no esporte. A bioginástica ajuda inclusive no nosso posicionamento durante a cirurgia, que força muito o pescoço com a cabeça para baixo, compensando problemas de coluna e aliviando tensões do dia a dia. Todo médico deveria fazer algo do gênero. Quem cuida dos outros precisa aprender a cuidar de si próprio.

Tem um filme preferido?

Gosto muito de cinema, embora não tenha um gênero predileto. O que menos me agrada são algumas comédias americanas meio bobas. Mas até elas acabam sendo válidas em algum momento para nos distrair. Tenho preferência por filmes com trilhas sonoras boas.

E livro?

Gosto da obra de alguns médicos, como Danilo Perestrello, autor de "Medicina da Pessoa", que valoriza muito a parte psicológica do paciente; de romances de Rubem Fonseca e de autores como Darcy Ribeiro, que escreveu sobre a formação do Brasil. Mas não sobra muito tempo para a literatura em geral, então acabo lendo muita coisa técnica.

Que tipo de música prefere?

Aprecio todo tipo de música. Supergosto de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Ney Matogrosso. Recentemente, aliás, assisti a um show do Ney Matogrosso. Maravilhoso! Também procuro me atualizar nas músicas novas, porque sempre tem gente nova boa aparecendo, como Duda Beat.

Qual foi sua melhor viagem?

Em 1999, durante minha formação em cirurgia geral e começo em cirurgia plástica, fui para a Europa, onde morei por seis meses. Nesse período, visitei diversos hospitais, colegas médicos e também pude conhecer vários países. Fiquei mais tempo na Inglaterra, onde conheci o Queen Victoria Hospital, instituição que serviu de base da cirurgia plástica reconstrutora da face no pós-guerra.

O que não pode faltar na sua geladeira?

Água gelada.

Tem um sonho de consumo?

Penso logo em ter saúde. Mas isso não se compra. A gente pede a Deus e faz a nossa parte. Penso também na saúde e realização profissional dos meus filhos. Tenho dois, um com 15 anos e o outro com 12. Meu sonho de consumo, entre aspas, é que meus filhos deem certo - e deem certo da forma mais geral possível.

Qual característica mais admira em uma pessoa?

Paciência e perseverança.

E a que mais abomina?

Preguiça.

Qual qualidade própria mais valoriza?

Criatividade e inquietude produtiva. Estou sempre querendo fazer mais coisas.

Mudaria algo na sua personalidade?

Eliminaria um pouco de preguiça que às vezes tenho para iniciar ou mudar as coisas. Hoje a máxima do mercado diz que quando você está ótimo que é a hora de tomar atitude e mudar tudo, pois tem tempo e não está com a corda no pescoço. Homens em geral, quando acham que está tudo bem, têm um pouco de preguiça de querer mudar algo e sair da zona de conforto.

Tem algum ídolo?

Um dos meus ídolos foi o Dr. Ivo Pitanguy. Também admiro muito os doutores Cláudio Rebello, que foi chefe por 35 anos da cirurgia plástica do Hospital Municipal Barata Ribeiro, e Ricardo Cruz, meu mestre e mentor em cirurgia craniomaxilofacial, que foi chefe do serviço que eu lidero hoje no Instituto Nacional de Traumatologia, o Centro de Cirurgia Craniomaxilofacial. Eu o substituí quando ele se aposentou aos 65 anos. Infelizmente, ele faleceu durante a pandemia.

Se não fosse médico, o que seria?

Gosto muito de cozinha. Talvez fosse um chef.

Qual recado daria a um estudante de Medicina?

Antes de tudo é preciso saber que medicina é vocação. Meu ex-chefe, Dr. Ricardo Cruz, falava que medicina não era para qualquer um. E não é mesmo para qualquer um chegar em casa cansado às 23h00, tocar o telefone e ter de sair de novo para atender um paciente. Os jovens deveriam ser avisados dessa realidade quando estão começando a cursar medicina. Outro conselho que daria é persistir. Haverá momentos em que você vai pensar em desistir de tudo. Mas, se conseguir manter-se firme, a recompensa virá.

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