Muito prazer, Dr. Pablo Pampin

Perfil Por Conexão Médicos - 18/08/23

Por que optou por se especializar no universo vascular?

No 5º ano na faculdade, entrei numa cirurgia de prótese aorto bifemoral de um paciente que não tinha vascularização alguma. O médico fez um enxerto desde as axilas até a perna para salvar aquele paciente. Foi fascinante. Foi ali que me apaixonei pela área, focada em intervenções resolutivas a fim de promover saúde e qualidade de vida para os pacientes.

Quais os principais problemas que levam os pacientes a procurá-lo?

Depende da faixa etária e do gênero. As mulheres nos procuram mais por causa de varizes, cansaço e dores nas pernas. Geralmente são pacientes na faixa dos 20 aos 50 anos, que fazem uso de anticoncepcional e com vida profissional ativa. A maioria não pratica atividade física, o que piora os sintomas. Entre os homens também existe a questão das varizes, mas os mais idosos nos procuram devido à aterosclerose. São pacientes com 80 anos ou mais que sofrem com entupimento das artérias, que caminham 100 metros e sentem dores nas panturrilhas, por exemplo. Existem também os pacientes que fumam e têm problemas como tromboangeíte obliterante, uma inflamação na parede dos vasos que causa entupimentos. Se eu fosse colocar num quadro estatístico, em primeiro lugar estão as varizes; em segundo lugar, a aterosclerose; e em terceiro lugar, que vem chamando atenção ao ponto de se configurar como a nova vedete, estão os lipedemas, o aparecimento de massas de gordura não habituais em determinadas partes do corpo, causando dismorfismos. É, por exemplo, a paciente de 30 anos que tem uma gordura desproporcional na perna, algo que afeta profundamente sua vida.

Que diferenciais considera importantes no atendimento dos seus pacientes?

Antes de tudo, acho que médico deve gostar de gente. Todo médico deve descobrir pontos para se conectar com seus pacientes. Numa consulta, já procuro saber o que meu paciente faz, sua atividade profissional, etc., o que me dá chance para identificar seus gostos e preferências. Não adianta passar um tratamento para um paciente que não seja aderente à sua realidade. Não dá para simplesmente falar para uma pessoa obesa que ela deve correr na esteira. É preciso entrar no mundo do paciente para descobrir seus contextos de vida, conhecendo quais são suas perspectivas e seus limites físicos, sociais e religiosos. Empatia é fundamental. Obviamente não podemos deixar de dizer o que é preciso ser dito, comprometidos sempre em fazer a prática da boa medicina. Uso o Doctoralia. Tenho cerca de 600 avaliações positivas e duas negativas, uma devido a um atraso e outra relacionada a um convênio que eu não atendia.

Tem algum marco especial em sua carreira?

Memorável na minha carreira foi o momento eu trouxe para o consultório o diagnóstico. Eu mesmo posso realizar os exames de que preciso para identificar problemas e estabelecer as estratégias terapêuticas. Tenho formação de ecografista. Posso falar prontamente para meu paciente: ‘seu problema não é nada grave’ ou ‘seu caso pode ter essa solução se for conduzido dessa forma’. É um grande diferencial o médico que faz a consulta poder fazer o exame do paciente, mostrando em tempo real a ele problemas e soluções. Isso significa um atendimento integrado. As pessoas saem do consultório satisfeitas, sentindo que nunca foram tão bem atendidas. Tenho vários relatos que confirmam que, para os pacientes, esse tipo de atendimento não tem preço, ainda mais em um mundo em que as pessoas não têm tempo a perder.

Qual seu segredo para relaxar e manter uma vida saudável?

O segredo está na conquista do equilíbrio espiritual, físico e social. Todos os domingos, após a missa, eu subo o Pico do Jaraguá – um escape para mim excepcional, um lugar onde também acabo tendo várias ideias profissionais. Vou com meu padrinho de 70 anos. A gente sobe pelo mato e desce correndo. Tenho, inclusive, vários amigos indígenas que moram na região. Para mim, o Pico do Jaraguá é um santuário pessoal.

Pode contar uma curiosidade sobre você que poucos conhecem?

Sou filho de padre, uma coisa que as pessoas acham engraçado. Meu pai foi padre, um padre espanhol. Na Espanha era uma obrigação o filho mais velho entrar para Igreja, pois esta era também uma forma de as famílias garantirem o estudo do primogênito. Ele chegou ao Brasil como padre e atuou seis anos como religioso em Osasco. Abandonou o sacerdócio e logo após conheceu a senhora Carmelita, a minha mãe. Esse histórico familiar me deu uma formação religiosa muito grande. Vou sempre à missa, faço parte do dízimo da minha igreja em Pirituba (bairro de São Paulo), onde moro. É a mesma igreja onde eu fui batizado e crismado.

Tem um filme preferido?

Um filme que me marcou muito foi “Um homem de família”, um drama no qual o personagem vivido por Nicolas Cage confronta seus próprios valores quando, inesperadamente, troca de vida. O personagem, um homem muito rico e infeliz, de repente acorda um dia e se vê casado com a moça quem fora apaixonado no passado, vivendo juntos uma vida feliz em um subúrbio.

E livro?

Todos os livros do Dalai-Lama. Também gosto do Paulo Coelho, obras como “O alquimista” e “O diário de um mago”, relato de sua peregrinação pelo Caminho de Santiago. Esse livro li muitas vezes e me inspira bastante. O Caminho de Santiago te traz isso: quanto mais pesada for sua mochila, mais o caminho fica difícil. E é assim a vida. Quanto mais bens materiais você comprar, o carro mais caro e isso e aquilo, mais difícil vai ser sua vida.

Que tipo de música prefere?

Gosto desde Julio Iglesias, que adoro até por conta das minhas raízes, até os sertanejos. Edson & Hudson é a minha dupla preferida.

Qual foi sua melhor viagem?

As melhores viagens são as que faço para a Galícia, a terra dos meus pais, onde tenho parentes.

Tem um sonho de consumo?

Fazer o Caminho de Santiago de Campostela em 2027, Ano Santo Jacobeu. No domingo 25 de julho será celebrada a festa de São Tiago. Nessas datas (quando 25 de julho cai em um domingo), ocorre a intensificação da peregrinação. Pessoas de várias partes do mundo se programam para percorrer o caminho.

Qual característica mais admira em uma pessoa?

A capacidade de perdoar.

Qual qualidade própria mais valoriza?

A fortaleza e a persistência.

Tem algum ídolo?

Jesus Cristo.

Se não fosse médico, o que seria?

Engenheiro civil. Gosto muito de mexer com construções e obras. Acho bem bacana. Minha família por parte de pai, na Espanha, era construtora. Estou agora com duas obras, uma em uma clínica em Pirituba, a outra em casa. Adoro! Brinco que obra a gente não acaba. A gente desiste (risos).

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