Muito prazer, Dr. Paulo José Silva Ramos

Perfil Por Conexão Médicos - 08/03/23

Ortopedista da rede credenciada Amil especializado em cirurgia de coluna, o Dr. Paulo Ramos é daqueles que acreditam que medicina é vocação. Quando descobriu a sua, largou a faculdade de engenharia para seguir o novo caminho. Mas, dos tempos de jovem, mantém o interesse pela astronomia, seja lendo livros de ciência ou se divertindo com a fantasia dos filmes da série Star Wars. Neste bate-papo, ele fala sobre a sua jornada profissional, a importância de saber ouvir os pacientes e comenta também aspectos da vida pessoal. Confira.

Em que ano se formou?

Em 1993, na Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda. Hoje em dia o curso integra o UniFOA (Centro Universitário de Volta Redonda).

Onde nasceu?

Em Barra Mansa, interior do Estado do Rio de Janeiro, no dia 2 de outubro de 1968.

Por que se tornou médico?

Eu conheci um anestesiologista, o Dr. João Baptista de Almeida. Na época eu fazia Engenharia, mas me encantei pela vida do médico. Tranquei minha matrícula no final do primeiro ano, voltei ao cursinho e fui fazer faculdade de Medicina. Mais tarde, no Hospital da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), tive contato com ortopedistas, experiência que despertou meu interesse pela especialidade. Meu tutor, o Dr. Guilherme Martins, fazia cirurgia de quadril e de coluna vertebral no hospital da CSN. Tudo isto me atraiu muito. Quando terminei a faculdade, fui para o Exército. Servi como médico do serviço militar obrigatório na Academia Militar das Agulhas Negras, onde fiquei baseado na Seção de Educação Física por conta do meu interesse em ortopedia e traumatologia. Em 1995, iniciei minha formação na área, no atual Instituto Nacional de Ortopedia e Traumatologia.

Como enxerga o mercado e a profissão atualmente?

O mercado de saúde é desafiador, sem dúvida. O número de pacientes nos serviços público e privado vem crescendo. Com a melhora da economia após a pandemia, mais pessoas têm planos privados de saúde, e a demanda tende a ficar cada vez maior.

Qual seu desafio diário?

Meu maior desafio é indicar cirurgia para quem realmente precisa. Ou seja, é conseguir identificar exatamente qual é a queixa de cada paciente, sem me prender aos exames de imagem. É cada vez mais comum as pessoas procurarem o médico portando exames e ideias preconcebidas de que as alterações capturadas pelos métodos de imagem são as responsáveis pelos seus sintomas. Mas é preciso ir além para fazer um bom diagnóstico. É preciso parar, prestar atenção no paciente e ouvir bem a história que ele conta. A decisão a ser tomada pelo médico precisa derivar dessa escuta e, a partir daí, ser respaldada pelos exames de imagem. Lembro-me de um paciente que atendi este ano. Ele chegou contando que já fora operado em duas ocasiões – uma delas em razão de uma neoplasia e outra, de um tumor benigno na coluna. Ele estava muito preocupado, achando que o tumor havia voltado. Os sintomas de dor irradiada tinham retornado. Se a gente se deixar levar pela assertiva do paciente, poderia acreditar que se tratava de recidiva do câncer. Na realidade, o que esse paciente tinha era uma pequena hérnia de disco, em razão dos desgastes da idade e também das cirurgias às quais tinha sido submetido. Ele foi tratado com um procedimento menos complexo, infiltração, o que garantiu resolução completa dos sintomas. Ou seja, entender realmente qual é o problema do paciente e poder oferecer o melhor tratamento possível continua sendo o maior desafio de todos os médicos.

Pode contar uma curiosidade sobre você que poucos conhecem?

Além da minha passagem como militar do Exército, fui militar da PM do Rio de Janeiro como oficial médico. Atualmente não estou mais na vida militar.

Tem um filme preferido?

Star Wars, a primeira trilogia, episódios 4, 5 e 6. Aqui tem outra curiosidade. Como eu cresci na cidade de Barra Mansa e na vizinha Volta Redonda, tinha de esperar os filmes chegarem aos cinemas da região. Depois da estreia nos Estados Unidos em 1977 e no Rio de Janeiro em 1978, Star Wars chegou a Barra Mansa só em 1979. Demorava muito para a gente ter acesso. Mas foi no Cine Riviera, de Barra Mansa, que assisti a Star Wars pelo menos dez vezes. Foi algo que definitivamente marcou minha infância. Até hoje revejo todos os episódios, além dessa série nova da Disney Channel, que comprou os direitos.

E livro?

Atualmente tenho lido muito sobre economia, Why Nations Fail, de Daron Acemoglu and James A. Robinson, por exemplo, e astronomia, sobre temas como radioastronomia e telescópios. Li recentemente Vera Rubin: A life, a biografia dessa astrônoma pioneira. Esse gosto por astronomia vem desde a infância. Muitas crianças dizem que querem ser astronautas depois de assistir a Star Wars. Entendem a fantasia que está ali e, mais tarde, algumas se voltam para a realidade da exploração espacial que está nos livros.

Que tipo de música prefere?

A música dos anos 80 – Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor... Fui muito feliz por ter vivido a adolescência com tanta música brasileira e internacional boa. A moda daquela época não era bonita – todo mundo andando de ombreira e cabelo meio cumprido. Mas a música era fantástica.

Qual foi sua melhor viagem?

Foram os Natais no Canadá com minhas filhas e esposa. Íamos para uma cidadezinha chamada Lake Louise, dentro do Parque Nacional de Banff, a noroeste de Calgary. Nesse lugar tem o Chateau Lake Louise, um hotel em um lugar magnífico, com uma paisagem muito diferente para quem cresceu no Brasil.

O que não pode faltar na sua geladeira?

Minhas comidas prediletas são pato e, inacreditavelmente, pombo. Depois da minha formação em ortopedia no Instituto Nacional de Ortopedia e Traumatologia, eu me mudei em 1998 para a França com minha esposa, a Dra. Deyse, e nossa filha mais velha, Pauline, à época com um aninho. Fui continuar minha especialização em cirurgia da coluna. Na França, conheci pratos à base de pato e pombo. São comidas fantásticas. Infelizmente, não são fáceis de achar no Brasil. Pombo é impossível.

Tem um sonho de consumo?

Participar do crescimento dos futuros netos!

Qual característica mais admira em uma pessoa?

Sinceridade.

E a que mais abomina?

O oposto da sinceridade. A mentira não tem conserto.

Qual qualidade própria mais valoriza?

Acredito que a determinação.

Mudaria algo na sua personalidade?

Algumas coisas. Apesar da determinação, eu me cobro sempre pelo fato de ser um pouco preguiçoso. Além disso, preocupar-se com as coisas pode ser algo bom, mas não em excesso. Muitas vezes me preocupo com coisas que não deveria. Às vezes sou muito ansioso.

Tem algum ídolo?

Minha maior referência é o médico que foi meu grande formador dentro da minha especialidade, o Dr. Francisco Sylvestre Godinho. Além de formador, ele se tornou também meu sogro e avô das minhas filhas.

Se não fosse médico, o que seria?

Talvez algo na área de engenharia, onde eu procuraria alguma especialidade. Olhando para trás agora, com meus 54 anos, penso que poderia ter seguido para área de astronomia, engenharia de motores ou algo do gênero.

Qual recado daria a um estudante de medicina?

Estude muito. Seja determinado, mas faça medicina porque o seu coração manda fazer. Não faça medicina pensando em outros ganhos.

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