Muito prazer, Dra. Myrna Serapião dos Santos

Perfil Por Conexão Médicos - 08/03/23

Cirurgiã oftalmológica especializada em córnea, doenças da superfície ocular e catarata, professora doutora da Universidade Federal de São Paulo, preceptora da residência em Oftalmologia do Hospital do Servidor Público Estadual-SP, diretora médica do H. Olhos/ Rede Vision One São Paulo e mentora nas horas vagas. Essas são algumas das atividades da Dra. Myrna, que abraça com paixão a medicina oftalmológica e se desdobra para “fazer tudo caber nas 24 horas do dia”.

Em que ano se formou?

Em 1995, na Universidade Federal de Alagoas.

Onde nasceu?

Em Itabuna, Bahia. Mais tarde minha família se mudou para Alagoas, onde eu fiz a faculdade.

Por que se tornou médica?

Foi uma escolha de juventude. Minha família não tinha muitos médicos, mas achei que era uma alternativa interessante. À época, eu já tinha vontade de experimentar o universo da cirurgia.

Como enxerga o mercado e a profissão de médico atualmente?

Brincamos dizendo que os médicos estão virando commodities. Por isso, em um cenário de aquecimento do mercado de saúde, marcado por aquisições e verticalizações, é importante que sejamos capazes de assegurar diferenciais ao nosso atendimento, visando sempre agregar valor aos pacientes. Ter a melhor formação e não parar nunca de se capacitar é o básico. Além disso, entre as importantes habilidades necessárias estão as soft skills: boa comunicação e saber se relacionar com o paciente e com os pares. Atualmente, os pacientes não se contentam apenas com um desfecho positivo. Querem um desfecho positivo associado a uma boa experiência assistencial, desde o diagnóstico até o fim do tratamento.

Qual seu desafio diário?

Como tenho múltiplas atividades, meu grande desafio é conciliar todas as minhas paixões, ou seja, a assistência, a cirurgia, o ensino (dou aula na Unifesp e ensino transplantes na Residência do Hospital do Servidor), além da gestão, pois sou também diretora médica de um grande grupo oftalmológico do país, o H. Olhos/Vision One-SP. O desafio é fazer tudo caber nas 24 horas do dia.

Pode contar uma curiosidade sobre você que poucos conhecem?

Tem uma atividade que realizo que poucos conhecem: mentoring. A partir de um contato mais próximo, gosto de analisar perfis, mentorear e, muitas vezes, assistir à transformação que acontece na vida das pessoas. Tudo a partir de conversas e remodelamento da vida. É muito gratificante impactar trajetórias apenas entendendo quais são os pontos fortes e fracos dos indivíduos. Isso ocorre informalmente entre amigos e alunos, e sou muito procurada para isso.

Qual a característica que mais admira em uma pessoa?

Honestidade e sinceridade.

E a que mais abomina?

Não gosto de pessoas dissimuladas. Prefiro clareza nos relacionamentos.

Qual qualidade própria mais valoriza?

Talvez seja a comunicação. Sou muito diligente naquilo que faço e também sou sincera. Valorizo falar a verdade e não aprecio meias verdades. Também procuro sempre fazer as coisas com excelência.

Tem um livro preferido?

Gosto de ler obras das mais diversas áreas. No momento, estou relendo dois livros: “A idade da razão”, de Jean-Paul Sartre; e “Comece pelo porquê: Como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir”, de Simon Sinek, um título que trata sobre habilidades e competências de liderança.

E filme?

Depois que casei fiquei mais eclética, porque você tem de fazer aquele meio termo com o marido. Eu gosto bastante de cinema europeu, mas ele prefere de filme de ação. Acabo assistindo de tudo, sobretudo os clássicos.

Que tipo de música prefere?

Gosto bastante de música erudita. Mas também ouço MPB, música pop, rock e outros estilos. Musicalmente também sou bem eclética.

Tem um sonho de consumo?

Meu sonho de consumo é poder fazer exclusivamente o que eu gosto.

Pratica esportes?

Faço academia. Treino funcional.

O que não pode faltar em sua geladeira?

Em geral, tenho uma alimentação bastante regrada, principalmente durante a semana. Gosto das culinárias francesa e italiana. Nos finais de semana, costumo me aventurar em experiências gastronômicas.

Mudaria algo na sua personalidade?

Preciso saber escutar mais. Essa é a habilidade que estou tentando aprimorar. Tenho o pensamento acelerado e, às vezes, estou dando a resposta antes de a pessoa ter acabado de expor o problema. Tenho me esforçado para exercer a escuta ativa de forma genuína, na vida pessoal e no trabalho.

Qual foi sua melhor viagem?

Foi a última que fiz antes da pandemia, um tour pela Europa, passando pela Itália, França e Espanha de carro e de trem. Na França, fizemos toda a costa mediterrânea desde a Côte d’Azur e visitamos várias cidadezinhas da Provence. Foi uma viagem muito rica de experiências, tendo Barcelona como ponto final do percurso.

Tem algum ídolo?

Admiro muito a Rita Levi-Montalcini, neurologista prêmio Nobel, que tive a chance de conhecer no meu pós-doutorado na Itália. Ela ganhou o prêmio de Fisiologia ou Medicina em 1986 pela descoberta do fator de crescimento neural. Ela morreu com uma idade bastante avançada. Eu a admiro por tudo que ela foi e representou. Ajudou a formar muita gente e impactou muitas pessoas. Sempre acolhia de uma maneira extraordinária os pesquisadores mais novos.

Se não fosse médica, o que seria?

Talvez alguma coisa na área de marketing ou publicidade. Mas, eu se eu voltasse no tempo, escolheria novamente fazer medicina.

Qual recado daria a um estudante de medicina?

É o que eu sempre falo para meus alunos da residência: tentem dar o máximo para garantir uma boa formação, busquem encontrar dentro da medicina um nicho ou áreas em expansão para se especializarem e desenvolvam as habilidades associadas ao relacionamento humano, que hoje são muito valorizadas. E há algo que não diz respeito aos estudantes e, sim, aos cursos de medicina, que deveriam dar mais ênfase à área de gestão. Isso faz diferença nas escolhas futuras dos médicos.

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